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Atores e produtores de 'Cursed Child' dão entrevista para o New York Times

quinta-feira, junho 16, 2016 A+ a-


Agora que já sabemos um pouco mais a respeito de Cursed Child, pela entrevista que Jo deu junto com John e Jack para o The Guardian, chegou a vez de ouvir os produtores e alguns atores falarem a respeito da peça.

Essa, que foi escrita por J. K. Rowling, Jack Thorne e John Tiffany, já teve sua primeira exibição para o público - que aconteceu nessa terça (07/06) e quinta (09/06) no Palace Theater. Sabemos também que J. K. Rowling está querendo que a peça seja total segredo, #KeepTheSecrets, porém sabemos de alguns detalhes que ela mesma acabou divulgando: como design de algumas varinhas, as vestes de Hogwarts, fotos do elenco e etc. E, claro, isso só acabou deixando todos ainda mais curiosos para saber o que estava por vir.

“Nenhum de nós, que somos experientes no mundo do teatro, experimentamos algo com uma magnitude e intensidade como essa peça antes”, disse Colin Callender, que junto com Sonia Friedman produziram a peça, esta é composta de duas partes, e podem ser vistas separadas (uma em cada dia), ou juntas (uma seguida da outra, no mesmo dia). Colin Callender participou de uma mesa redonda junto com Sonia Friedman, Jack Thorne – que escreveu a peça  –, John Tiffany – o diretor  –, Jamie Parker – que interpreta o Harry – e Noma Dumezweni – que interpreta a Hermione. E logo abaixo há um pouco sobre esse bate papo que rolou com eles.

Por que uma peça? Foi ideia da J. K. Rowling?

Sonia Friedman: Foi absolutamente ideia minha e do Colin. Nós sabíamos que vários outros produtores tinham mostrado seus trabalhos para ela [J. K. Rowling] e ela os rejeitou. Mas era porque todos eles eram ideias de musicais ou espetáculos. Nós demos a ela a simples ideia de uma peça de teatro. Nós fomos claros, nós não queríamos adaptar um livro, e sugerimos explorar como Harry, um órfão, iria lidar com o fato de ser pai e ter uma família.

Colin Callender: Nós fomos para Edimburgo anos atrás, sentamos em uma sala de reuniões e falamos sobre pais e parentes por um tempo. Nós dissemos que sentíamos como se ela tivesse criado um mundo totalmente novo, e haviam coisas sobre os personagens que não haviam sido reveladas. Nós não ouvimos nada por algum tempo, até que recebemos a resposta “Vamos lá, para a próxima etapa!”. Ela foi clara desde o começo que ela não sabia escrever uma peça e que não iria escrever isso, ela apenas faria isso se achasse um roteirista [para a peça] que ela aprovasse.

Vocês já conheciam o trabalho do Jack Thorne como roteirista?

Sonia Friedman: Nós pensamos primeiro em quem poderia dirigir.  Eu tenho esperado para trabalhar com John já faz 20 anos, e ele recusou todas as minhas sugestões. Eu amo o trabalho dele em “Black Watch” e “Let the Right One In,”, os tipos de efeitos especiais que ele consegue a partir de nada... Então nós aprovamos ele, e ele [John] disse que a gente tinha que fazer isso com o Jack.

Jack e John, vocês já se conhecem da Universidade de Cambridge?!

Jack Thorne: John veio me dar um manuscrito quando eu era estudante lá, e eu me aproximei dele depois, ele era terrivelmente legal e gentil o bastante para ler meus terríveis roteiros. Depois ele simplesmente “fugiu” para o Teatro Nacional da Escócia.

Jamie Parker: Você obviamente tem problemas de abandono por conta disso.

Vocês dois dividiram os créditos da história com J. K. Rowling. Como que foi isso, ter três escritores misturados?

John Tiffany: Jo foi incrivelmente bondosa. Eu a conheci primeiro, e eu já tinha uma admiração por ela, por conta dela geralmente escrever na cafeteria do “Traverse Theater”, em Edimburgo quando eu era diretor. Foi apenas depois do primeiro livro ser lançado que eu percebi quem tinha sido ela, sempre tomando um cappuccino por horas. Quando nos conhecemos para falar da peça, ela perguntou “O que você acha que são as histórias de Harry Potter?”, e eu disse “Aprendizagens para lidar com a morte e o sofrimento”. Tinha algo nos olhos dela – quer dizer, nós não falamos sobre transformações ou magia, ou voar em vassouras, e nós estávamos no caminho certo.

Jack Thorne: Nós todos nos conhecemos em Edimburgo, naquele dia nós sabíamos que teríamos o epilogo de “Harry Potter e as Relíquias da Morte” como um ponto de partida.

John Tiffany: Tudo que a gente precisava estava lá, nós começamos com a cena na estação de trem. Eu posso dizer isso? Enfim, estava claro que ela iria deixar a gente pegar seus personagens e ter nossas próprias ideias.

Colin Callender: Mas é claro que Jack veio para a mesa com uma enciclopédia de conhecimentos sobre Harry Potter, então isso ajudou.

Jack Thorne: Tudo bem. Eu sou muito um fã nerd. E com problemas de abandono.


Vocês realmente conseguiram fazer o rascunho todo da história no primeiro encontro?

Jack Thorne: Sim, mas levou cerca de uns seis meses para realmente mapear tudo aquilo. Todas as vezes eram como se a gente tivesse dando um enorme passo para frente e um ou dois pequenos para trás. A Jo dizia “Isso está certo, isso não”.

John Tiffany: Há partes da história que na primeira vez que eram criadas, a gente não sabia se a Jo deixaria a gente fazer aquilo, mas ela nunca hesitava. Isso era uma coisa boa para fazer a gente continuar a história, e também para deixar a gente tentar desvendar algo.

Sonia Friedman: Isso é o bastante!

Foi uma ideia desde o começo fazer a peça em duas partes?

John Tiffany: Não, de jeito nenhum. Mas nós sabíamos que tínhamos que lidar com o fato do que aconteceu nos livros depois que eles terminaram, mas também tínhamos que voltar nos livros para recorrer à história. Nós queríamos desenvolver os personagens que já são conhecidos e manter isso consistente, mas também introduzir alguns personagens novos. Isso foi realmente difícil de ser colocado em duas horas e meia de peça. Nós nos encontramos e dissemos “Por que não duas partes?”. E então nós sabíamos o caminho certo para seguir e terminar a primeira parte. Isso é um suspense!

Noma Dumezweni: Isso é a sensação maravilhosa que temos com livros quando a gente acaba, faz você ficar desesperado por mais.

Como isso é diferente? Contar uma história através de uma peça e não um romance?

Jack Thorne: Nós podemos contar a história para novas e velhas gerações ao mesmo tempo, o que o livro não é capaz de fazer. A coisa mais excitante é trabalhar em como esses mundos vão ficar bons juntos, é uma história de gerações, tanto para adultos quanto para crianças. John e eu tínhamos mais ou menos a mesma idade que Harry na peça quando eu tive meu primeiro filho, então isso foi motivo para muita discussão sobre crescer e ser responsável por uma família.

Noma Dumezweni: Também, eu acho que a diferença em ser uma peça é que você não tem a sua própria experiência, como no livro. Estar no teatro é uma enorme experiência, e essa peça, em duas partes, é como um compromisso com o teatro. Eu estou fascinada em pensar no que minha filha vai achar de passar o dia inteiro no teatro. Como atriz, foi algo que eu nunca experimentei antes.

E sobre lidar com magia no teatro, onde vocês não podem criar uma série de efeitos que acontecem nos filmes?

John Tiffany: Os filmes têm a tela verde. Nós temos a imaginação do público.

Como vocês se sentem, Jamie e Noma, fazendo papeis de personagens com um enorme número de fãs obcecados por isso? Isso é intimidante?

Noma Dumezweni: Eu acho que Jamie achou isso bem intimidador. [Todos riem]

Jamie Parker: Não é muito diferente de interpretar qualquer papel que está dentro de uma norma. Você tem a responsabilidade de ser sensitivo com o enredo da história, tudo que ela já passou para as pessoas. Mas você só precisa tentar fazer a peça da melhor maneira que você pode e não se preocupar com isso.

Noma Dumezweni: O peso da expectativa é grande. Mas para meu prazer, essa pressão foi superada por várias mensagens de texto de mães dizendo o quão importante é para suas filhas mestiças ter eu como Hermione. É uma peça de teatro, eu sou uma atriz do teatro, e estou fazendo meu trabalho da melhor maneira que eu posso.

Tem sido difícil trabalhar sob condições de extremo segredo? E quando as primeiras sessões começarem e as pessoas começarem a falar da peça na internet?

Colin Callender: Eu estou esperançoso depois de ver como as pessoas foram com “Star Wars”. Eles protegeram muito os fãs de spoilers.

John Tiffany: Isso vai ser um alívio quando o texto for publicado, quando a peça realmente for estreada, em 30 de julho, então não terá mais segredos para serem guardados. Mas se você não ler isso, e você escolher não ler resenhas, nós fizemos o possível para você não ter nenhum conhecimento prévio a respeito da peça.

Jamie Parker: E você não consegue isso nos dias de hoje. Várias experiências acabam arruinadas porque você sabe demais.

Noma Dumezweni: Eu particularmente amo esse sigilo. Ainda que, claro, minha vida em casa seja [palavrão]. Minha filha fica tentando adivinhar o que está na peça. Ela fica “apenas sorria para mim se eu estiver certa”.

John Tiffany: Minha mãe é o único problema. Todo o resto está bem. Ela me faz perguntas muito especificas; então eu descubro que as pessoas estão parando ela para fazer perguntas no supermercado.

Jamie Parker: Quando alguém pergunta, eu apenas pego minha varinha e vou embora dizendo “Eu sou um bruxo!”.

Parece que Jamie [Harry] está tão empolgado com a peça, que para evitar de dar qualquer spoiler, está usando sua varinha para desaparecer dos lugares em que ele é tomado com perguntas. Eu acho que a essa altura, todos já estamos sabendo de algum spoiler, não é mesmo? Mas a gente aqui do WickRed vai continuar com a campanha do #KeepTheSecrets. Então se você for deixar algum comentário, sinta-se a vontade, mas sem spoilers, tudo bem?!